O cursinho.
A menininha havia então, optado pelo seu primeiro grande "erro".
Saindo do colégio, prestou Jornalismo em uma das melhores faculdades. Mas, com a ansiedade ou a inexperiência de um vestibular, ou realmente, pelo fato de não ser a hora dela, não passou e foi fazer cursinho.
Apesar de parecer um 4º colegial, já que pelo menos uns 10 colegas de colégio estavam na mesma sala de cursinho, e os amigos do prédio também, diz o velho ditado que, "nem tudo que reluz é ouro".
Foi um ano de dedicação, de abrir os horizontes, conhecer pessoas e estreitar relações.
Sem saber o porquê, a menininha começou a entristecer. Parou de escrever, as aulas já não interessavam mais, os amigos a irritavam. Sua mãe, percebendo uma mudança de comportamento, resolveu tomar uma atitude e levou a menina num atelier. Quando chegou lá, seus olhos brilhavam, todo aquele encanto, toda aquela magia, tinha voltado. A menininha descobriu assim, um segundo hobby.
As cores, as texturas do papel, as fitas e adesivos trouxeram a tona, uma antiga paixão, o recorte e cole. Frequentou aulas de scrapbook durante um certo tempo, e isso a trouxe de volta a vida. Voltou a se relacionar com as pessoas, a gostar das aulas, a rir, a brincar, a se divertir, a viver. Mas, não escrevia mais. Sabia que teria um novo vestibular pela frente, mas nem isso a animava.
Em dezembro daquele ano, a menininha resolveu que tudo o que podia ter aprendido naquele cursinho, já havia aprendido. Precisava de outro lugar, novas pessoas, novas informações. Decidiu então entrar em outro. Um que seria apenas para aquela faculdade, um que fosse um intensivo de tudo aquilo que havia estudado na sua vida inteira. Disposta a entrar na faculdade de seus sonhos, se dedicava tanto nesse cursinho, que chegou a desconhecer essa força. Pela primeira vez na sua vida, não era amiga de ninguém. Seus únicos amigos eram duas grandes amigas, e três tesouros que ela tinha de amigos. Que sempre iam no cursinho ajudar esse trio inseparável com assunto sobre política, economia, cultura e ate esporte. Estudava durante horas e horas seguidas e nas aulas, debatia o tema com suas duas amigas fieis, mais do que isso, grandes aliadas pela conquista do sonho da faculdade. (as meninas chamavam Letícia e Paula e o meninos Lucas, Geoffrey e Thiago. Todos eram amigos de cursinho. Os meninos, haviam passado aquele ano na faculdade, as meninas, não.)
Chega o grande dia, a prova. O dia de mostrar se ela era boa o suficiente para estar ali. O dia em que iria decidir sobre sua vida. As três vão subindo juntas, para suas salas. Um abraço apertado é a transmissão de energia e força, ali elas se despedem, ali é cada uma por si.
A menininha vai ter que enfrentar o maior dilema, voltar a escrever, do jeito que só ela sabia fazer, do jeito em que a fez querer continuar naquele sonho.
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