quinta-feira, 8 de abril de 2010

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4 horas de prova. Para alguns, é quase uma prova de resistência. Parece que toda a pressão do mundo, está sentada com você: seus pais, amigos, colegas de cursinho, até seu cachorro que tanto te ama, está ali.

A prova é entregue. O coração bate tão forte e as borboletas dentro do estômago estão tão agitadas, a ponto de tremer todo o corpo. Todos começam suas provas. E a menininha, deixa ela lá, em cima da mesa virada ao contrario. Espera passar 5 minuto, para as borboletas e o coração se acalmarem, e aí sim, começa sua prova. A prova de que ela é capaz de tudo aquilo.

Resolve começar então pela redação. Esperando um tema completamente fora do normal, a menininha se surpreende quando lê: “você deverá escrever os motivos pelos quais, gostaria de estudar aqui. Pode ser em 1˚, 2˚ ou 3˚ pessoa.”

No primeiro momento, ela pensa: “não pode ser tão fácil assim.” E não era mesmo. Apesar dela saber todos os motivos pelos quais queria estar ali, como iria escrever isso sem parecer desesperada ou listá-los em tópicos?

Decidiu então começar. Como toda “regra”, em redação se escreve na 3˚ pessoa, e lá foi ela fazer isso. NADA saia de sua cabeça, talvez fosse a falta de treino ou pior, talvez ela não soubesse mais como fazer. 30 minutos se passaram e ela não tinha escrito um parágrafo sequer. O medo e o desespero começaram a assolar essa pequena menina. Quando se deu conta, parou e pensou: “vou escrever do jeito que eu sei”.

Naquele momento, a menininha sentiu que nada mais importava, não era uma regra que iria dizer se ela iria ou não passar naquela prova. Então, resolve ali, que vai fazer seu texto. Seu melhor texto. A partir desse momento, as idéia começam a surgir de uma maneira mágica. Sua cabeça entra num turbilhão de mensagens e frases que vão se formando sozinha, sem ela precisar “pensar” nisso. Se torna um texto tão natural a seus olhos que suas mãos não conseguem acompanhar a velocidade das informações.

2hr e 30min se passaram quando ultima palavra foi pontuada: “Cásper.”
Seguiu fazendo a prova. De uma maneira estranha, estava tão feliz e com tanta certeza sobre seu texto, que a prova não parecia ser tão importante, nem tão difícil. Mais relaxada, terminando de resolver as questões, olha o relógio. Faltavam apenas 10min para o término da prova.

Tudo estava ali, em forma de tópicos. Não todo seu conhecimento, mas parte dele. Deu uma ultima lida em seu título, respirou e entregou. “O Fantástico Mundo da Cásper” já não estava mais em suas mãos.

A menininha saiu confiante, mas quando encontrou seus amigos, todos comentavam da prova. Ela não queria saber dos seus acertos e muito menos de seus erros. Comentou com um deles sobre sua redação, e o mesmo disse para ela: “Nossa, você foi muito corajosa, nunca vi ninguém escrever uma redação em 1˚ pessoa. Das duas uma: ou eles vão te amar, ou te odiar.” Essas palavras ficaram marcadas. Ela não sabia o quão isso era bom para seu ingresso na universidade.

Como a menininha se privou de férias durante 2 anos, decidiu que dessa vez, iria viajar. Não queria passar aquela semana inteira pensando se ia ou não entrar na faculdade. Suas amigas ligaram, e resolveram ir pra praia. Uma semana de descanso, diversão e angústia.

Por mais que estivesse tudo bem, nos momentos em que não estava fazendo nada, vinha à sua memória, o “vestibular”, mas, a menininha se controlou e não deixou isso tomar conta de sua semana. Exatamente uma semana depois, no domingo do dia 21/01/07, enquanto arrumava suas coisas para ir embora, uma grande amiga ligou. Estava ansiosa também, esperando o resultado. E ainda perguntou: “quando sair, você quer que eu te ligue avisando?”, a menininha respondeu: “Sim.”.

As horas foram passando, e sua fiel amiga, não ligava. A menininha se encheu de tristeza, pensando que teria que cursar em outra faculdade, pois não queria voltar para o cursinho.
Na estrada, dentro do carro com suas amigas a menininha recebe a ligação de sua mãe.

Menininha: Oi mã.
Mãe: tudo bem filha?
Menininha: ahãm.
Mãe: sabe onde eu estou?
(Já meio irritada)
Menininha responde: Não tenho idéia.
Mãe: em frente ao computador.
Menininha: ahhh
Mãe: filha.. (ela pausa alguns segundos), você passou.
Menininha: passei onde?
Mãe: na Cásper.

Completamente difícil descrever a sensação da menininha. Foi uma mistura de êxtase, com orgulho, com confiança, felicidade. Ela sentiu que tinha feito a coisa certa. Que a missão tinha sido cumprida. Contou para suas amigas no carro, todas gritavam tanto, a felicidade da menininha contagiou a todas. Seu celular começou a tocar sem parar, amigos, parentes, mães de amigos. Todos ligavam, mandavam mensagens. Naquele momento a menina pode perceber quantas pessoas estavam torcendo por ela. Não só isso, quantas pessoas estavam acompanhando a sua luta.

Naquele momento, ela soube, que tinha sido amada pela Cásper.


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`Ah, se fosse só um sorriso. Ou talvez, palavras suaves e simpatia. Como ser mais, e mais sempre? Conta o segredo, que talvez o mundo melhore. Como cultivar o espírito de cumplicidade em pequenos gestos, e prová-lo em grandes? Conquistou um lugar para o resto da vida, certamente. O desejo de estar sempre perto, o acolhimento quando necessário. Mais do que palavras, atitudes. Sensatez elegante, o equilíbrio, o mistério, o mágico... A Gi!´ Enzo Sunahara.

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